segunda-feira, 3 de setembro de 2012

O amor e outras drogas

(som do texto:http://www.youtube.com/watch?v=gM7Hlg75Mlo)
   Éramos um total de 13. Amigos, amigas e amizades mais que coloridas.
   Como combinado, estávamos todos naquele show na praia de Piratininga-Niterói. Carros lotados de garrafas de cerveja, conhecidos que se tornavam amigos por causa do comum "amor a natureza" e mulheres que ficavam lindas depois de tudo isso.
   Como de praxe, todos se divertiam muito, mas ainda rolava a preocupação quanto ao álcool e direção, a superdosagem de alguns loucos do grupo também fazia suas amantes chorarem. E a noite passava lenta e insana como um desses filmes adolescentes de Hollywood.
   Às três da madruga, as bandas já não faziam mais tantos barulhos e só se escutava o zumbido das conversas das pessoas, ao som das batidas das ondas do mar embaixo da beleza do satélite natural da terra: a bela lua.
   Juntamos todos os amigos e verificamos quem estava puro ou "santo" para assumir o posto de motorista da rodada. Entramos no carro eu, Dartagnan, Gordines e sua bela namorada. E no outro carro estavam Romeu na direção, Julieta, e o outro casal 22: Bunny Wailer e Olívia. E lá vamos nós a caminho da minha casa, onde mal sabia eu que a festa continuaria, mas por outros motivos.
   Ao chegar em minha humilde residência, Gordines já confunde meu muro com seu vaso sanitário e dispara um jato de impurezas em todos os sentidos, molhando nosso caminho e consequentemente tomando a primeira bronca da noite, de sua namorada. Bunny Wailer e Olívia já estavam em casa, pois Bunny exagerou e estava passando mal.
   Agora começa a festa. Julieta queria amar Romeu e não queria dormir lá em casa, mas queria que todos dormissem no seu castelo.Romeu não queria enfrentar a estrada novamente. Julieta disparou com o carro e quase fez Dartagnan e Romeu de vítimas, mas por sorte apenas sofreram leves arranhões. Eu, sendo gentil, disse para Romeu dormir lá em casa e Dartagnan que, morava perto, seguiu na direção do carro de Julieta a  caminho de casa.
   Maldita hora que fiz isso!
   Dez minutos depois, após um "cavalo-de-pau", volta Julieta, insana, convence Dartagnan a entrar no seu carro no meio do caminho e vai a toda velocidade e fúria de encontro ao meu portão que, por sorte, foi preservado pela destreza de Dartagnan.
   Mas não pára por aí. Julieta, em um acesso de raiva, sai do carro, aos prantos e gritos, sobe no portão do vizinho chamando por Romeu e por mim, o trouxa. O vizinho que, nessa hora devia me amar, não tem nenhum escrúpulo de mostrar qual era meu verdadeiro portão para a louca-de-pedra que, um pouco antes tentara se jogar de uma ponte, a ponte Rio-Niterói.
   Ela fez um escândalo. Subiu no carro, acordou minha família às 4 da madrugada, deixou a vizinhança toda assistindo seu pocket show, vomitou, desmaiou, fez de tudo até sairmos desesperados para acalmá-la, morrermos ou matá-la.Com muito custo, água, sal, frutas e promessas de Romeu conseguimos convencê-la a sumir dali e ir dormir.
   Em meio a tantas drogas ninguém achava que a tal da paixão - que alguns chamam de amor - pudesse causar tanta insanidade em um ser. Mas refletindo, pude perceber que a cura para o vício da paixão é o mesmo que para outras drogas: amar a si mesmo. Antes de Julieta amar Romeu, ela devia se curar dele, pois quem não se ama não pode amar ninguém.
  
 Só se pode viver um amor se livrando da droga do amor: a paixão.



 Como costume, gosto que leiam os textos no contexto em que foram escritos....ao som de Animal – Neon Trees..
http://www.youtube.com/watch?v=gM7Hlg75Mlo

Um comentário:

  1. Poxa, arrepiou...ui!
    O Amor vicia, deturpa a alma,
    corrói o coração e mata sua
    autoestima, destruindo tudo
    aquilo que você pensa ser você!
    Enterrado em seus próprios delírios,
    treme se ficar longe do ser amado...
    Precisa de altas doses da vida dele,
    para que possa ter vida própria...triste,
    mas verdadeiro!
    Bjos adorei seu texto, digamos, um micro conto!

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